domingo, 4 de setembro de 2011

19 DE AGOSTO - DIA DO ATOR



O ARTISTA NA DOR.

Um brinde aos goles rasgados que respiram o vapor da minha encenação. Alguém me escuta? Alguém me interpreta? Sabe quem eu sou? Sinto ao longe minha respiração. Bom! Quero embriagar-me nessa desventura de ser eu mesma, desnuda-me! Enxugarei o meu lúdico no guardanapo que tudo escuta e que nada sabe. Danço os passos de uma guerra derramando o suor do meu ensaio e do prazer. Olhem todos para cá, vejam! Este é o meu, o seu, o nosso, exponho a todos: Aqui lhes entrego o sangue avermelhado do artista que só chora de tanto rir da desgraça do pão seco de todos os dias. Será preciso corromper-me? O ciclo está se fechando, baila o ator, atua a dançarina, canta o artista plástico. E geme de dor o artista de rua, da lua, do palco, dos becos, de dentro de suas casas, do céu e do mar. Não venho aqui pedir piedade, venho aqui pedir que nos olhem com fé, que nos beije sem traição, que nos abrace com força, que nos aplaudem com sinceridade, que nos paguem se tiverem consciência. Que nossa arte faça parte da cesta básica e vos alimente a alma e nos livre da assombração do nada.

Silmara Silva
 Julho de 2011
Agradeço à Silmara, pela sensibilidade de transpor a partir de 3 ou 4 palavras minhas, num rápido desabafo cultural, um texto tão profundo.  Texto este, que reflete muito o que eu, uma artista, por vezes penso, sinto, indago...

 No claro ou no escuro; com dinheiro ou sem; com dúvidas ou com certezas... Com ou sem muitas coisas... Por amor, seguirei em frente.

Obrigada,

Karol Senna



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