segunda-feira, 7 de junho de 2010

Karol Senna por Luca Maribondo

KAROL SENNA
Perfil d'aprés Millôr Fernandes


Karol Senna é uma dama de palco e platéia. Preferia até chamar-se Karol Cena, mas seu pai e o escrivão não permitiram. Sua vida é um palco iluminado. À direita os refletores do perfeccionismo. À esquerda as galharufas do impossível. Atrás os bastidores, um quebra-cabeça indecifrável. Em toda a sua volta, o enredo refeito todas as noites, toda a vida.

Sua cena não se limita ao palco, mas às telinhas da tv, às telonas do cinema e, se precisar, até aos picadeiros dos circos —embora as lonas não sejam a dela. E mostra todo dia que é mesmo de circo, pois faz um elaborado malabarismo pra viver e se contorce toda pra driblar os percalços da vida.

Sua vida é o palco. E sempre repete que o palco é a sua vida, embora pense que a vida tem muito enredo e pouco tempo. Pra Karol, a vida não deveria ser diária, mas vivida sempre que lhe der na veneta, sem mutreta nem careta.

No dia-a-dia prefere a dança, até porque pra viver do teatro é preciso rebolar. Rebolation, baby.

Pra ela é uma melancolia só quando desce o pano. Prefere os panos no lugar, até porque aprecia não se mostrar despida. Nem perdida, pois sempre se acha. E como acha.

Não gosta de violência. Odeia porradas e palmadas. Mas se derrete toda quando ouve as palmas, e as cortinas se fecham. E, ao final do espetáculo, se emociona ao ouvir no silêncio e nas sombras, o último espectador que se afasta nas aléias desertas.



Luca Maribondo
Campo Grande MS, abril/2010

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